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A luz do Autoconhecimento

Postado em 10 de Dezembro de 2016

“Certa vez uma pessoa dormia mal porque morava num porão escuro. Ela sonhava em colocar uma lâmpada no ambiente. Depois de muito trabalhar, contratou um eletricista e colocou a tão desejada lâmpada. Antes de acendê-la, pensou: ‘Agora finalmente vou dormir tranqüilo!’ Ao acendê-la, uma surpresa. Perdeu o sono... a luz expôs uma realidade que ele não via: sujeira, insetos,aranhas. Só descansou depois de uma bela faxina.”

Num dia desses, li esta historieta num texto de Augusto Cury e pensei em trazê-la para pensarmos em algumas questões. É óbvia a intenção da mensagem nela contida, mas, de tão óbvia faz-se necessária. Muitas vezes o óbvio passa desapercebido.

Há em nós um mundo tão extenso, forte e poderoso, único e particular, e embora sendo de tamanha importância, nós o desconhecemos, ou o negligenciamos em grande parte do tempo. Este é o mundo emocional!

Desenvolvemo-nos tecnologicamente, racionalmente, mas, na maioria das vezes não nos atemos ao desenvolvimento deste mundo particular, ou seja, desconhecemos nossas emoções, reações e sentimentos. Acender a luz para ver o que está ao nosso redor, e lá sempre esteve, não é fácil, todavia.

Mas, ao clarear, ver e decidir, a partir daí, retirar, é o que realmente nos garantirá a paz que buscamos... Viver no escuro nos coloca diretamente sob a o mesmo teto que a sujeira e os insetos que ora abominamos. Acender a luz é trazê-los, e irrevogavelmente nos certificar de sua existência. No entanto, é condição inerente para a revolução que querermos em nós mesmos saber onde cada poeira se coloca no lugar onde habitamos. Há que se ter coragem para se descobrir o próprio habitat. Há que se ter força para faxiná-lo. E antes que isso aconteça, continuaremos ‘dormindo mal’, incomodados pela falta de luz! A luz, embora não nos mostre somente o que é belo e confortável, nos mostra o que é real e necessário que vejamos.

Autoconhecimento parece um lugar comum, quando mencionado. No entanto, quando deveras, entendemos seu significado, descobrimos que ele nos leva não ao caminho da perfeição como pregado implicitamente em muitas mensagens com este teor, mas, sim ao caminho da autoaceitação, o que é bem diferente. Autoaceitação tem a ver com nos aceitarmos com as imperfeições que nos constituem, assim como, com as condições a serem corrigidas que temos, afinal, não se pode melhorar ou corrigir o que nem sabemos que existe. A busca de padrões físicos, de comportamento, de pensamento e até de subjetividade nos coloca cada vez mais distante do que somos em essência: únicos!

Incomodo-me um pouco quando ouço alguém dizer “eu preciso de terapia” ou “o fulano precisa de terapia”, como se a terapia fosse esse agente corretivo para quando não se tem mais saída; ou para quem está doente emocionalmente, incomodando a esfera social, ou errado na vida, ou seja, um culpado! Muito mais libertador para cada um de nós seria usarmos o termo e nos apropriarmos do “eu quero a terapia” pois, assim, queremos acender a luz, embora precisemos fazê-lo se queremos uma vida mais plena. O “eu quero esta experiência de me conhecer” me dá a dimensão da sua importância!

Muitas vezes realmente a pessoa inicia seu processo de autoconhecimento porque adoeceu, ficou sem saída e precisa retomar sua vida, mas, ainda assim deve fazê-lo por escolha e não por imposição. Certamente se o eletricista tivesse sido levado aquele porão e acendido a luz sem a vontade daquela pessoa, não teria ela visto os insetos e a sujeira, ou talvez, mesmo vendo, não lhe viria a vontade da faxina.

Precisamos sim, aí vou usar o verbo precisar, nos apossar de nossa unicidade. E o caminho é o autoconhecimento. Certamente não é necessário esperarmos o extremo acontecer, ou insetos e a sujeira se multiplicarem, para acendermos a luz. É uma escolha que pode ser feita a qualquer momento. Porque eu quero e mereço a liberdade de ser quem sou com luzes e janelas abertas não apenas no porão, mas, no jardim da minha existência!

Desejo vida a todos!